terça-feira, 15 de março de 2011

SEMINÁRIO COOPERATIVISMO MUSICAL: UM NOVO MODELO DE GESTÃO

A iniciativa de realização de um seminário sobre cooperativismo musical surgiu da necessidade de integrar o país numa ação conjunta em busca da organização do setor musical em cooperativas de trabalho. Pretende ser uma iniciativa pioneira no país no sentido de ser um espaço privilegiado para reflexão e discussão sobre o cooperativismo no setor musical brasileiro, visando a construção de políticas públicas, bem como a busca de soluções criativas para os problemas enfrentados pela classe. E contara com apresentações musicais de representantes de cada cooperativa presente.

É evidente que o modelo de negócios defendido e propagado pelas cooperativas de música vem se impondo como um novo paradigma do mercado musical nos últimos anos, pela capacidade de responder direta e objetivamente aos principais anseios do setor. As cooperativas tem se destacado pelo empenho demonstrado na luta pela profissionalização do trabalho dos diversos agentes envolvidos na cadeia produtiva e na interlocução com governos e instituições.

A realização deste seminário é uma iniciativa idealizada e organizada pela COMAC (Cooperativa da Música do Acre), COMUM (Cooperativa da Música de Minas) e OCBAC (Organização das Cooperativas do Brasil – Acre)



A Justificativa é que movimento cooperativista musical surge em resposta ao momento histórico de mudança de paradigma e surgimento de novos modelos de organização da sociedade civil para exercício do trabalho e ação política que congregue e represente a base de toda cadeia produtiva da música.

Há cinco anos a rede de cooperativas vem crescendo e se constituindo como importante ator social e político. Se consolidando a partir da trocas de experiências e de um dialogo aberto que possibilitou e possibilita o aprimoramento de cada gestão específica e compartilhamento de um ideal coletivo que se materializa na realização deste seminário.

As formas de produção, distribuição e veiculação da música ganharam nova configuração a partir da última década. Com o advento da tecnologia digital, a saturação de um modelo ultrapassado e a crise financeira que afetou vários segmentos do mercado, faz-se necessário a busca de outras alternativas, que começam a ser vislumbradas em diversas iniciativas pontuais. Ações cooperativas, economia solidária, criação de redes de relacionamento solidário, bancos de serviço, tudo aponta para um novo modelo de negócios que vem sendo implementado.

Nos últimos anos o Brasil vem se preparando para dar um grande salto qualitativo nesse sentido. Sétima economia do mundo, com um crescimento de 7,5 % ao ano, o terceiro maior PIB do mundo em 2010, atrás apenas da China e da Índia, tudo indica que o país será nos próximos anos uma das grandes potências mundiais.

A cultura ainda tem presença tímida nesse cenário, embora possua um manancial simbólico referencial e um potencial enorme como produto sofisticado e arrojado. Para que essa potencialidade seja desenvolvida é necessário um investimento objetivo, focado em ações que promovam a visibilidade e o reconhecimento de um mercado latente a ser explorado.

Nesse sentido as cooperativas são espaços estratégicos pela capacidade de dar visibilidade para um modelo de negócio arrojado e visionário e pela possibilidade de estabelecimento de vínculos comerciais efetivos entre os agentes da cadeia produtiva da música. Cada uma com sua peculiaridade, de acordo com a realidade local, todas elas buscando a aproximação do profissional com o mercado, seja através de projetos, de intercâmbios e de parcerias com orgãos públicos e privados.

No Brasil, como o negócio da música e consequentemente o conceito de indústria musical sempre esteve nas mãos de grandes multinacionais, não temos o hábito de trabalhar dentro dessa perspectiva. Chegou a hora de pensar nas cooperativas de música como uma forma de investimento econômico e de aquecimento do mercado.


O Brasil é uma das grandes reservas culturais do mundo, recurso natural não esgotável e em constante processo de renovação. Um instantâneo da produção musical atual comprova a sua riqueza peculiar espelhada numa diversidade de gêneros que a torna a cena mais efervescente e promissora da década a despontar no cenário mundial.

Desta forma, a realização do Seminário Cooperativismo Musical é essencial para dar a visibilidade necessária para que todos profissionais da musica possam conhecer esse novo modelo e implementar sua carreira. Trocar saberes no sentido de encontrar “novos” caminhos para que a cadeia produtiva da musica se torne cada vez mais sustentável.



O Seminário de Cooperativismo Musical será realizado em Rio Branco (AC) com palestras e debates abertos ao público, com duração de cinco dias. Cada convidado abordara um dos aspectos do cooperativismo, expondo a atuação da cooperativa de música em seus respectivos estados e discutindo sobre as possibilidades de intercâmbio das mesmas com as demais iniciativas no restante do país.

Para tanto serão convidados representantes de todas as cooperativas de música já criadas, e também das que estão em processo de formalização. Especialistas e estudiosos para tratar de temas como Educação Musical, Questões Trabalhistas e Formalização dos Profissionais da Música e Direito Autoral.



A idéia de realizar o evento no extremo norte do país tem um caráter simbólico, que é o de descentralizar as ações de forma a abarcar a diversidade e complexidade da música brasileira bem como chamar a atenção para a intensa movimentação que existe hoje nas regiões mais remotas do Brasil profundo. Além disso, tem facilitado o processo, a grande agilidade dos representantes do Acre em, não só criar a COMAC, como assumir a responsabilidade por receber representantes de todo o país, criando as condições necessárias para realizar um evento dessa magnitude através de apoios do governo local, instituições e empresas sensibilizadas pela importância da ação.

Em resumo, espera-se com o seminário promover a diversidade da música produzida no país e o intercâmbio entre os profissionais da cadeia produtiva da música possibilitando e alavancando a sustentabilidade e geração de renda no setor a partir do modelo proposto pelas cooperativas de música.


Os estados convidados são os seguintes:

Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Piauí e São Paulo (Cooperativas já formalizadas).

Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Tocantins e Amazonas (Cooperativas em processo de formalização).

Será convidada também a Executiva do Fórum Nacional da Música, formada por um representante de cada região do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul)

Será convidado ainda um representante da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical) para tratar da questão relativa à regulamentação da Lei nº 11.769/08, que tornou o ensino de música obrigatório na Educação Básica (que engloba Educação Infantil e o Ensino Fundamental); um representante da Federação Nacional dos Profissionais da Música para discutir a questão da Lei n° 3857/60 que criou a OMB e regulamenta a profissão de Músico, e um especialista em direitos autorais para discutir a questão da reforma da Lei 9610/88 que consolidou a legislação sobre Direitos Autorais no país.

Com isso pretendemos abordar os principais temas de interesse dos profissionais que atuam no mercado musical atualmente.

* Cooperativa é uma sociedade de pessoas que formaliza o trabalho musical, congrega serviços comuns a custo baixo para seus associados, fomenta a formação de rede entre os cooperados, minimiza a ação de intermediários e distribui renda tendo por base a autogestão.

2 comentários:

  1. Será um marco na música do Acre!
    Amigos, comentem... Esse espaço é live. Precisamos de opiniões para crescer!
    Abraços!!!

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